Angola : KGB e o 27 Maio de 1977
Por: Prof. N’gola Kiluange
Washington D.C- Já existem evidências irrefutáveis e contundentes que o 27 de Maio foi um producto elaborado num dos laboratórios mais sofisticados da KBG, para satisfazer as ambições de Leonid Ilyich Bréjnev, ex-presidente da antiga URSS.
Agostinho Neto, um quadro formado na terra natal de Camões, inspirava pouca confiança ao ex- líder russo, por não ter sido “cerebral e definitivamente intoxicado” pela ideologia marxista-leninista. Mantinham-no assim sob constante vigía!?
Segundo Gabriela Antunes, numa conversa extremamente privada e confidencial com o autor dessas linhas,Hermínio Escórcio (primeiro chefe do Protocolo da Presidência) dava todas as coordenadas de Agostinho Neto `a Iko Carreira (Ministro da Defesa)e esse passava ao José Eduardo dos Santos (Ministro dos Negócios Estrangeiros na altura), mas era Iko Carreira quem dava ordens `a Henrique Santos “Onambwe” (director-adjunto da DISA) e esse para Carlos Jorge, Nelson Pinheiro (Pitoco),Manuel Miguel de Carvalho ” Wadijimbi”, Fernando Piedade dos Santos,etc.,etc.,etc.
Contudo, o 27 de Maio de 1977 não foi mera coincidência de ajuste de contas…no início de 1974, o MPLA dividiu-se em três fações:a base da Tanzania liderava Agostinho Neto, na Zambia o chefe do grupo Revolta do Leste era Daniel Chipenda e no Congo Brazzaville residia os membros da Revolta Activa.
Face a queda do regime de Caetano em Abril de 1974, os russos não tinham tempo para perder em unir o MPLA e logo estendem os seus braços a Agostinho Neto, fazendo assim um casamento de conveniência política temporária.
Evgeni Afanasenko, ex-embaixador soviético no Congo Brazzaville tentou nos finais de Maio de 1974 reunir Agostinho Neto,Daniel Chipenda e José Eduardo dos Santos… e nada resultou!, de acordo com Piero Gleijeses – o escritor do livro “Havana’s Policy in Africa, 1959-76:New Evidence from Cuban Archives”.
Mas, num encontro privado com José Eduardo dos Santos em Outubro de 1974, Afanasenko disse que se Moscovo tivesse de usar a sua influência em Angola, o MPLA teria de ser reestruturado… Aliás, Yuri Andropov chefe da KGB (na altura e posteriormente presidente da URSS) havia recomendado o aumento do envolvimento soviético na África Austral, indica Gleijese.
Foi precisamente essa reestruturação do MPLA, tanto exigida pelos Russos,que terá custado a vida de Agostinho Neto.Depois do fim da guerra civil de 1975, os Russos sentiam-se incapazes de controlá-lo.
Enquanto Neto estava preocupado com as ameaças da África do Sul e Zaire de Mobutu, os Russos exigiam profundas mudança no seio do seu partido.E quando resistiu, torturaram-lhe com o 27 de Maio.
A KGB encobertamente apoiou José Eduardo dos Santos( então Ministro dos Negócios Estrangeiros) e fingiu gostar de Nito Alvas ( antigo Ministro do Interior),dando impressão que ambos pertenciam à mesma ala protegida pelos Russos e que lutavam contra o grupo de Agostinho Neto apoiado por Fidel de Castro, quando na verdade já havia um plano pré-concebido de Moscovo!…
E o interessante é que depois de fracassado o dito “Golpe de Estado” de 27 de Maio de 1977, a KGB desesperadamente atentou contra a vida pessoal de Agostinho Neto e culpabilizou Nito Alves pelo incidente…
Como poderia Nito Alves ousar tomar de assalto a vida de Agostinho Neto, quando os cubanos já tinham abortado a intentona e declarado controle absoluto da situação?…
Entretanto, Dos Santos recusou-se a acompanhar Agostinho Neto `a Cuba para aí agradecer a ajuda de Fidel durante a guerra civil… e segundo oficiais da nossa contra- inteligência, Boris Vorobiev, então embaixador soviético em Angola, dava ordens à Dos Santos dentro do nosso próprio ministério das relações exteriores em Luanda…
A visita oficial de Agostinho Neto (como Presidente da República) , `a Havana ,Kinshasa, e de Mobutu Sese Seko `a Luanda,não teria sido vista com bom agrado em Moscovo… e agravou ainda mais a aversão de Leonid Ilyich Bréjnev contra o líder máximo do MPLA.
Essa visita foi por assim dizer também utilizada como pretexto subtil e audaz para Yuri Andropov chefe da KGB leiloar a vida de Agostinho Neto, activando os seus operativos infiltrados no seio do aparelho do Estado Angolano e do MPLA-PT…
José Eduardo dos Santos assume assim a Presidência da República em Setembro de 1979. Xeque-mate! E desde sempre tem-se recorrido à prestação de serviços arriscados e mortais da ex-KGB.
Contudo, o mais triste aqui é que os vergudos do 27 de Maio ainda são os homens que detêm as rédeas da governação desse país mártir…impuseram-nos a cultura de impunidade como um caminho sem saída, ou com uma única saída…
Hoje os melhores negócios do nosso petróleo e diamantes são partilhados entre Xu Jinghua (Sam Pa),ex-tenente-general da contra-Inteligência chinesa, Arcadi Aleksandrovich Gaydamak ,ex-coronel da KGB, Lev Avnerovich Leviev, membro activo do grupo russo Alrosa,etc.
A velha guarda da ex-KGB, protegida de pessoas bem encostadas ao Kremlin de Vladimir Putin, continuarão a manter José Eduardo dos Santos no poder, tanto quanto este sirva sempre os interesses russos em Angola.
Prof. Ngola Kiluange ( Serafim de Oliveira)
Prof.kiluangenyc@yahoo.com
Washington D.C
Referências bibliográficas:
Havana’s Policy in Africa, 1959-76:New Evidence from Cuban Archivesby Piero Gleijeses
http://www.wilsoncenter.org/sites/default/files/ACF191.pdf
A Political History of the Civil War in Angola: 1974-1990 By W. Martin James
French elite fuelled African civil war in AngloaRead more at http://www.liveleak.com/view…
Angola: The KGB and the 27 May 1977
Washington D.C-There is already irrefutable and overwhelming evidence that May 27 was a product made in one of KGB’s most sophisticated laboratories to satisfy the ambitions of Leonid Ilyich Bréjnev, former president of the former USSR.
Agostinho Neto, a cadre formed in the homeland of Camões, inspired little confidence in the former Russian leader, as he was not “cerebral and intoxicated” by the Marxist-Leninist ideology. So they kept him under constant watch !?
Gabriela Antunes relates, in a highly private and confidential conversation with the author of these lines, that Hermínio Escórcio (first head of the Presidency Protocol) gave all the coordinates of Agostinho Neto to Iko Carreira (Minister of Defense). That information was passed on to José Eduardo dos Santos (then Minister of Foreign Affairs).). Still, it was Iko Carreira who gave orders to Henrique Santos “Onambwe” (deputy director of DISA) as well as to Carlos Jorge, Nelson Pinheiro (Pitoco), Manuel Miguel de Carvalho “Wadijimbi”, Fernando Piedade dos Santos, and others, and so on.
However, the 27th of May 1977 was not a mere coincidence of reckoning. At the beginning of 1974, the MPLA was divided into three factions: the base of Tanzania led by Agostinho Neto; in Zambia, the head of the Revolta do Leste group was Daniel Chipenda, and Congo Brazzaville were members of the Active Revolt.
Faced with the fall of the Caetano regime in April 1974, the Russians had no time to lose in joining the MPLA and soon extended their arms to Agostinho Neto, thus making a marriage of temporary political convenience.
Former Soviet ambassador to Congo Brazzaville, Evgeni Afanasenko, tried to bring together Agostinho Neto, Daniel Chipenda and José Eduardo dos Santos in late May 1974, but it didn’t work, according to Piero Gleijeses – the author of “Havana’s Policy in Africa, 1959-76: New Evidence from Cuban Archives.”
But, in a private meeting with José Eduardo dos Santos in October 1974, Afanasenko said that if Moscow had to use its influence in Angola, the MPLA would have to be restructured… Incidentally, Yuri Andropov, head of the KGB (at the time and later president of the USSR), had recommended increasing Soviet involvement in southern Africa, says Gleijese.
This restructuring of the MPLA, so much demanded by the Russians, would have cost Agostinho Neto his life. However, after the end of the 1975 civil war, the Russians felt unable to control him.
While Neto was concerned about threats from South Africa and Zaire de Mobutu, the Russians demanded profound changes within his party. And when he resisted, they tortured him on May 27.
The KGB covertly supported José Eduardo dos Santos (then Minister of Foreign Affairs) and pretended to like Nito Alves (former Minister of Interior), giving the impression that both belonged to the same wing and fought against the Agostinho Neto’s group supported by Fidel Castro. At the same time, when Moscow had a preconceived plan already been formulated!
And the saddest thing is that after the failure of the so-called “Coup d’état” of May 27, 1977, the KGB desperately attempted to attack the personal life of Agostinho Neto and blamed Nito Alves for the incident.
How could Nito Alves dare to take Agostinho Neto’s life by storm when the Cubans had already aborted the attempt and declared absolute control of the situation?
Meanwhile, Dos Santos refused to accompany Agostinho Neto to Cuba to thank Fidel for his help during the civil war. According to officers of our counterintelligence, Boris Vorobiev, then Soviet ambassador to Angola, gave orders to Dos Santos within our foreign ministry in Luanda.
The official visit of Agostinho Neto (as President of the Republic), `to Havana, Kinshasa, and Mobutu Sese Seko` to Luanda, would not have been welcomed in Moscow… and further aggravated Leonid Ilyich Bréjnev’s aversion to the maximum leader of the MPLA.
José Eduardo dos Santos thus assumed the Presidency of the Republic in September 1979. Checkmate! And the ex-KGB’s risky and deadly services have always been used.
This visit was also used as a subtle and daring pretext for Yuri Andropov, head of the KGB, to auction the life of Agostinho Neto, activating his operatives infiltrated within the Angolan State apparatus and the MPLA-PT.
The former KGB’s old guard, protected from people close to Vladimir Putin’s Kremlin, will keep José Eduardo dos Santos in power as long as he always serves Russian interests in Angola.
References:
Prof. Ngola Kiluange
Prof.kiluangenyc@yahoo.com
Washington D.C
Referências bibliográficas:
Havana’s Policy in Africa, 1959-76:New Evidence from Cuban Archivesby Piero Gleijeses
http://www.wilsoncenter.org/sites/default/files/ACF191.pdf
A Political History of the Civil War in Angola: 1974-1990 By W. Martin James
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http://www.wilsoncenter.org/sites/default/files/ACF191.pdf
wilsoncenter.org
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