ANGOLA: HERMINIO ESCORCIO E O 27 DE MAIO DE 1977

Pouco se fala ou escreve sobre o envolvimento de Hermínio Joaquim Escórcio no 27 de Maio de 1977 – o homem que com recados de tintas da caneta ou telefonemas contribuiu no ” assassinato selvático” de milhares de cidadãos pacatos e indefesos…

De Novembro de 1975 à Setembro de 1979, Escórcio era o homem que
servia de intermediário e filtrava todas as informações e serviços protocolares de Agostinho Neto com o resto do mundo.

Ou seja ninguém entrava no palácio sem a permissão prévia do chefe do protocolo do primeiro Presidente da República de Angola…

Era o seu braço directo com quem muitas vezes partilhava as suas “confidencialidades íntimas”,amarguras, paixões e dissabores…

Consta que teria sido Hermínio Escórcio quem dava à José Eduardo dos Santos todas as informações sobre os movimentos e decisões de António Agostinho Neto …

Essas informações eram igualmente partilhadas (até certo ponto!) com Henrique “Iko” Teles Carreira (então ministro da Defesa ), Ludy Kissassunda (ex- director da DISA)…

Mas, era Iko carreira quem dava ordens directas à Henrique de Carvalho Santos “Onambwe” e este ao Carlos Jorge, Eduardo Veloso,Pitoco,etc.

Assim, a KGB de Leonid Ilitch Brejnev tinha na pessoa de Eduardo dos Santos –um agente formado numa das suas academias militares – infiltrado na hierarquia do MPLA e governo angolano.

É bem provável que Dos Santos se tenha aproveitado a oportunidade para “fingir gostar de” Hermínio Escórcio e fazê-lo trabalhar para a KGB voluntária ou involuntariamente!

Mas até que ponto a amizade ficticia de Eduardo dos Santos e Hermínio Escórcio terá contribuído para a morte súbita de António Agostinho Neto – é um segredo difícil pra se desvendar!

E como é do conhecimento público, Agostinho Neto chegou quási morto em Moscovo … nem mesmo até os melhores médicos soviéticos que lhe aguardavam no aeroporto desta cidade conseguiram salvá-lo!

“Foi triste vê-lo sofrer em Moscovo nos seus últimos instantes de vida.Muito triste!” Confessou ao autor dessas linhas um dos diplomatas que viu Agostinho Neto ser retirado do avião para uma ambulância naquela cidade…

Contudo, fala-se aqui sobre o 27 de Maio de 1977 não como uma forma de atiçar apetências as vinganças mas sim… um meio para impedir o prosseguimento de assassinatos e homicídios baseados na intolerância do pensar diferente…

É que enquanto tivermos os promotores e beneficiários do 27 de Maio no controle absoluto do nosso erário público e aparelho de Estado – muito difícil será falarmos abertamente sobre o respeito mútuo, alternância de poder por via democrática,distribuição equitativa do rendimento nacional,etc.

E a melhor maneira de rehavermos o controle da nossa soberania seria a convocação imediata de uma conferência nacional com a participação de todas as “forças vivas” da sociedade angolana.

Está mais que provado que o regime de José Eduardo dos Santos é disfuncional e pernicioso a coesão fraternal e solidária do mosaico cultural angolano.

Quanto mais Dos Santos se permanece no poder, mais riscos corremos em construir uma sociedade democrática “à nossa maneira”.A escolha é nossa!

Prof. N’gola Kiluange
Washington D.C
Prof.kiluangenyc@yahoo.com